quinta-feira, 26 de junho de 2008

Quase livre


Em buzinas, folhas, fuligem e prédios os meus olhos se perdiam
Caminhando loucos por vitrines, mas tão calmos que pendiam
Leves, longe da cabeça distraída que buscava algum sustento
E do vento agressivo que fazia desatento, a qualquer gesto,
Palavra, cor, sentimento, fosse falso ou mesmo honesto.
Som algum pôde sequer prever, que em porta ou janela
Os meus pés ingenuamente fossem ao encontro dela.
E o sol, abençoado seja, se escondeu para não ver,
Tinha medo da desgraça, ou quem sabe da trapaça que podia suceder
De um abraço tão sem graça, de sorrisos por fazer...
E quando o coração tão calmo se prostrou,
Parecia turvo, confuso, incerto, surdo ou em simples acalanto
Eram tudo, tudo em frente se mostrou
Mas qualquer parcela aguda demonstrava sequer pranto.
Qual mais a amenizar qualquer martírio ou desconforto
Uma piada ali mesmo estendia, duro e morto
Velhos dias, velhas noites, minhas letras e meu canto.
E foi logo: rápido, claro, e quase indolor
Nossas mãos se apertaram, frias, sem qualquer amor,
E trocando nada mais que poucas gotas de suor
Nossos passos se afastaram, nada mais a declarar,
Foi-se logo tudo embora, o caminho eu sei de cor.

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