segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Sem que você repare




É meu reflexo que encaro na água
Ele é cheio de raiva, que o semblante não transmite
E meus olhos, como pedra de grafite
São tão foscos quanto o peito que borbulha no cristal.


É meu grito que escuto adentro
Transbordando de agonia, e crescente como chama
Minhas pernas andam trêmulas na grama
Minhas preces se derramam todas brancas no trigal.

É o futuro que espreito ao longe
E, repleto de incerteza, ele arranca o meu sono
Ele teme pela angústia, dor e abandono
Mas sem nem resposta prévia, ele se derrete em sal...

... O sal de seus olhos.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Indescritível




Estranho é aquilo que ocorre no mundo
Quando o seu mundo encontra o meu sem nem planejar
Momentos breves, de apenas um segundo
Pelos seus olhos podem simplesmente passar
Estranho é ver que muita coisa em que creio
Ao simples ver você parece se tensformar
Não sinto angústia, sinto apenas receio
Que as minhas palavras não a façam enxergar
Que o mundo freia suas rodas
Que a vida pára suas modas
Meus olhos falam com certo desespero
O que minha boca cala por medo de pensar
E o que me encanta é que você por inteiro
Em tudo o que faz, você parece brilhar
E embora eu não consiga mesmo nem falar
Eu necessito mesmo que por sinais
Do sol buscar a luz que grita lá no mar
E acima disso enxergar, as cores que você traz.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Teoria do caos



Quando abro meus olhos eu enxergo o vento
Não por sua essência, mas pelo tormento
Do tremer das folhas, do correr do céu
No ferver das bolhas, no soar do fel.

Quando grito penso, quem há de me ouvir?
Já aflito e tenso, penso em desistir
Mas luzes se acendem, num só frenesi
E trazem consigo traços claros do elixir

...Ah, Sol, quando há de vir?

Se me calo agora, não vou mais poder
Pelo mundo afora pensar em te ver
E conjecturo, mesmo que em ossos do ofício
Escalar o muro tênue que beira o precipício.

Não enxergo frestas, possibilidades naturais
Mas pelas arestas, as infinidades artificiais
Logo me decido, e ao me levantar, eu grito
Eu abro meus olhos, eu inalo o vento... e repito

...Ah, Mundo, volta a ser bonito...