domingo, 27 de junho de 2010

A Lua é a tua Imagem




A Lua te cobria quando aconteceu...
A tua face angelical em fogo contorcido
O teu sonho de menina com tua pele derreteu.
E no entanto, pouco importa, é verdade
Não parece, e além disso, quem palpita?
E que vida é a minha para comentar?
Eu enxergo com meus olhos quem te olha com maldade
E no entanto, eu não os compreendo.

Sim, é fato que um dia quem tu foste desapareceu
Que tua imagem, no retrato tão reconhecido
É lembrança de jornal ou pensamento em breu.
E ainda reafirmo, nada mais que vaidade
Pelo menos aos meus olhos tu ainda és bonita
Tão bonita como a velha noite de luar
Tão bonita como se ainda em flor da idade
Tua vida progredindo, tua alma florescendo.

Tu és fruto do momento em que a vida intercedeu
A fazer de tua imagem um luar enriquecido
Pois a Lua é a tua imagem, desde a noite em que nasceu
O teu rosto, resultado de tamanha claridade
Que, assim como tua alma se transforma e grita
Grita inspiração, e a força espetacular
De quem vive, e prossegue com vontade
Uma vida exemplar, cujas faces eu entendo.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Mortalha




Menina,o seu casaco preto
Num momento turvo, ofuscava o pequeno mundo que eu tinha nas mãos
Não havia sina, não havia medo
Não havia estrondo algum capaz de aliviar minha respiração
Sob as lentes os seus olhos se fechavam
E, por Deus, eu juro que não enxergava o menor sinal, nenhuma hesitação
Só havia o cheiro
Só havia o escuro, e no mais o belo sentimento de convicção...
Menina, o seu andar curvo
Suas mãos nos bolsos, seus cabelos longos, e o seu casaco na escuridão
Eu revivo a cena, eu enxergo o enredo
Eu ainda sinto um dos quatro Beatles sob minhas mãos...
Em seus olhos os meus olhos se focavam
E resposta alguma eu esperava, que não fosse o sinal da retribuição
De seu corpo inteiro
Só buscava a força que você gerava, de alguma forma como turbilhão...
Menina, seu casaco preto
Hoje em seu armário, pulsa em meus olhos com vermelhidão.