quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

A primeira máscara




A primeira máscara que meu rosto mascarou
Personagem meio clássica, que no Egito abanou
Os cabelos da rainha que de ouro se vestia,
Um ventilador falante minha máscara sorria!
As segundas, as terceiras que vieram logo após
Foram logo se interpondo, se amarrando em longos nós.
Mas a idade que crescia só tendia a retardar,
Cada máscara caía, e a lembrança que surtia era de pouco pesar.
Seja como for que fosse, a primeira estava lá,
E bem firme resistia em meu rosto, sem rasgar.
Era só questão de tempo para o espaço mudar
E que as oportunidades logo fossem me alcançar...
Logo as velhas, as antigas, belas máscaras caídas
Em meu rosto reegueram fortalezas esquecidas
Permitindo a adesão de uma arte enriquecida
Personagens, todas novas, de índole enrustida:
Um barão de pernas tortas, um demônio pecador
Um garoto de más notas, Jesus, nosso Senhor
Um bandido assassino, um sem-teto encantador
Um palhaço dançarino, Machado de Assis, o escritor
Um pai de terno fino, um caipira caçador
Um enfeite natalino, um cometa cantor...
Como as tantas que se unem a seu colecionador
São as máscaras que punem o passado sofredor
E transformam a tristeza, em leveza a amor.
Cada máscara acrescida tem um nome, tem um jeito de brilhar...
E a primeira nunca some, ela sempre esteve lá.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Coletânea



Eu sou poeta até em noites sem momento, que se dormem ao sonhar
E abstraindo da loucura que invade o pensamento, eu olho para o céu e vejo o mar.
Eu fui poeta sob um céu deveras esquecido, rodopiando pela imensidão sem fim
Era como se nada tivesse acontecido, o mundo todo chorou dentro de mim.
Eu fui poeta mesmo sem saber amar,mesmo no tempo em que o passado se esqueceu
E precisava descobrir se era água ou ar,ainda que diante do luar só houvesse breu.
Eu sou poeta como solução do risco, e arrisco sempre olhar
O sol se pôr na velha foto e na televisão como se fosse um disco, um disco sempre a rodar.
Sou poeta sem falar, quando sinto calafrios
Quando quero divagar dentro de salões vazios.
Serei poeta para sempre,como ninguém o faria, com intuito de afastar
Toda a monotonia, toda noite, todo dia, qual mais um trovador pelo ar.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Momento de olhar nos olhos, momento de ouvir Seu nome.



O significado varia, mas a data é constante
Porque todos se unem no dia, resumindo todo um ano em instante
Uns se enxergam como fossem família, pois assim a vida os uniu
Outros gritam em prol da alegria, e celebram o nascimento daquele
Cuja vida se firma em abril.
Há aqueles que ficam sozinhos, esperando por quem há de vir
E há outros, com mães e padrinhos, que desejam somente sumir.
Seja festa, jantar, seja sonho, seja ceia
Seja em rua, em bar, seja em residência alheia
Quando as luzes se acendem e os ponteiros se alinham
Todos gritam, sorriem, todos trocam, se aninham,
Num natal de repente, num sorrir de momento
Para logo em seguida se prostrarem ao vento.
O natal logo acaba, como um cessar de voz
E sobre poucos desaba o nome daquele, que no momento exato
Deu sua vida, seu maior presente, por nós.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

O dono de si só pertence à lua...



Mártir através das noites, caçador dos ventos, temerosos ventos
Das relvas frias, das horas tão vazias, que nem mesmo o dia poderia enxergar
Pois a dança cujas patas articulam nesses solos, argilosos solos
É tão bela, simplesmente tão singela, é repleta da cautela que nenhum consegue copiar.
Filho pródigo da natureza, formador dos bandos, numerosos bandos
De sua raça, de seu grupo sempre em massa, expressando toda a graça que seu corpo admite esbanjar.
Melancólico ao luar, descritor dos sentimentos, pesarosos sentimentos
Que expõem à luz da lua sua alma nua, crua, ecoando em toda rua seu uivo cortante, em um choro de gelar.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Fócus- Poucus!




Materializando o que transforma as vertigens em virtude,
A magia de um momento em branco em quietude
Mãos vazias em cartas cheias amiúde
...Quem ajude?!

Brilha sempre no trovão mais lampejante
Poderoso,transmorfo,levitante
E sumindo na cartola num instante
...Ultrajante?!

Coreógrafo mais louco, de condão e purpurina
Lá converte um palhaço em bailarina
E se a sua serra parte ao meio essa menina
Ninguém culpa, o contrato ela mesma assina
...Mas é sina?!

Teu mistério é que transcende o picadeiro
Ao fazer de meio lenço um pombo inteiro
Cria sonhos, cria cor, e gosto, e cheiro
E estalando os dedos, some em meio ao nevoeiro
...Feiticeiro?!

Da cartola o coelho grita
Da poltrona a criança agita
E se espanta, quanta luz bonita
Mas, no fundo, como sempre, ela cogita
...Será que acredita?????????????????