quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Sarau.



E é folclore que se perde
Que se forma, que se queima
Fantasia, pura, teima
Destes bailes mais vaidosa.

Ah, que pranto que se ergue
Que loucura, que façanha
Gotas muitas, dor tamanha
Das roseiras mais frondosa.

Se é só lenda cor-de-rosa
De grinalda mais formosa
Em apegos carinhosa
Tece verso, canta prosa.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Três vezes ao dia.



Todo santo dia sinto sua falta,
Como se sentir falta fosse mais falta do que se fazer.
E conforme os dias passam, sinto falta do que sempre falta
E vejo que o seu rosto é o que me falta no amanhecer.

Seu rosto é o que me faz silêncio, é o que me faz saudoso no entristecer
Seu riso no meu pensamento, seu dourado intenso,
Seus olhos são de tudo um pouco, onde atormento o meu sentimento ao adormecer.

Toda santa tarde sinto sua falta,
E em cada laço falta o que você laçava por me conhecer.
E sempre que a tarde se arrasta, cada vez sua falta engrandece a falta
Que entrego aos outros, sem a compaixão que só me falta ter.

Sua voz é o que me faz confuso, é o que me faz pensar que já não posso ser
Seu timbre é o que me faz agudo, seu carimbo mudo
Seu corpo é meu mar de rosas, onde teço a prosa que me diminui ao te engrandecer.

Toda santa noite sinto sua falta,
E em cada estrela que no céu me falta eu procuro a falta de poder perder
Consoante a lua se afasta, e a sua falta só me traz mais falta
Eu me entrego em falta, pois me falta força para proceder.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Coalescência





Sob a chuva os meus pés enxergam poças,
Que refletem o seu rosto desfocado por chuvisco...
Como louco, eu procuro as imagens de outras moças
Mas não há nenhuma lá, e o que a chuva desenha num rabisco
Se projeta em cada gota, simples gota
Que se prende em meus olhos, preenchendo o espaço em falta
Escorrendo lentamente, carregando o seu rosto na ribalta.