sexta-feira, 4 de julho de 2014

Nuvens caem





Uma sombra no claro de ontem
Pincelada 
Como tinta nas folhas em branco 
Devagar
A fumaça no que já foi limpo
Encobrindo o que é lindo
Para melhorar
Uma sombra no que já foi lindo, vibrante, sorrindo
Carrega consigo o desejo
De mudar
Se o escuro se assusta sozinho, no quarto, sem ninho
Não teme por muito, pois sabe
Despertar
Uma sombra nos dias antigos
Bem pintada
Pode até apagar alguns dias
Ao passar
A fumaça num dia bonito
Apesar dos olhares aflitos
É de admirar.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Com licença, Veríssimo




Esse tempo me assombra... 
Me pergunto, faz tempo?
Já faz tempo que o vento se vai com o tempo?
E  assim, de mãos dadas
Vão varrendo pra longe, num sopro
Tudo aquilo que a gente constrói com o tempo?
Se por horas o tempo parece engraçado
Noutras horas me rouba o cabelo
Se por anos parece calado
Num só mês me preenche de zelo.
Esse tempo que passa, que corre e não para
Esse cara que anda com o vento
Já faz tempo que guarda, bem sobre minha cara
Os vestígios de seu movimento?
Ou quem sabe, talvez, que por todo esse tempo
O bendito, assim, sem nem mais e nem menos
Só dê voltas e voltas, em volta do eixo do vento.
Esse tempo me assombra...
Já faz ventos que o tempo
Vai rodando em volta da gente
E alguns dias tropeça, deixa  cair do vento
Um pacote de cheiro e lembrança
Um bocado de sentimento:
Dos nossos dias de criança
Ao sorver de qualquer momento.