terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Execrável




Quem tem medo do escuro já pressente...
É aquela sensação de corpo que raspa corpo, de dente que trinca dente
O medo de se achar sozinho numa noite escura num lugar aberto
Às orelhas aguçadas ao menor barulho incerto.
E tudo se cobre com frio, gelo se paga com gelo
E no momento em que o gelo toca o pêlo, não há apelo que faça derretê-lo
Só restam o frio e o medo, sem meio e enredo, em um longo pesadelo.
... É aquele gosto de ferro que arranha ferro, de dente que morde dente
O sangue que escorre a fio diante da rua, em frente ao corpo nu e morto
E a caveira vermelha que se lança, dura, como mariposa.
Deus... Cada coisa me assusta...

Um comentário:

Iamni Reche disse...

Adoro seus poemas em prosa :) são únicos.