segunda-feira, 30 de novembro de 2009

O "eu" "nosso" de cada dia "nos" dai hoje...




Já fantasiei histórias antigas
E sonhei com pessoas demais
Já chamei as flores de amigas
E tomei como exemplo meus pais.
Arranhei o fundo do prato, em momentos de angústia e terror
Estraguei o pé do sapato com formas e ausência de cor.

Eu já fui verdadeiro, eu também já menti
Muitas vezes eu fui corpo inteiro, tantas outras eu já me parti
Procurei num instante certeiro as mulheres que um dia senti.

Arranquei do fundo do peito momentos de mais alta dor
Muitas vezes, deitado no leito, fiz questão de sofrer por amor,
E tentei, como que insatisfeito, reviver os momentos de ardor
Os abraços, os beijos sem jeito, fosse sempre na moça que for.

Já criei muitas formas de vida
E tentei, ante mim, ser um só
Mas no palco descubro, sou muitos
Sou quem quero ser... Caso não, eu sou pó.

4 comentários:

- disse...

-
Suas palavras se remexem dentro de mim como redemoinhos. Arranham e ardem: exigem o eu em cada sílaba e em cada ato. Se estendem em palco e platéia: espetáculo inédito e irrecuperável: vida.

Evelyn disse...

Maravilhoso.
Não importa o quê escreva, vai ser sempre dotado de inúmeros vocês que se completam de maneira incrível.

Tefi disse...

Que bonito Matheus... como todas as palavras que vem de você, palavras que ecoam pelo ar e transmitem alegria com sua voz.
Parabéns.

Celina disse...

"Muitas vezes eu fui corpo inteiro, tantas outras eu já me parti"

E o fim é sensacional! Lindo!