sábado, 14 de novembro de 2009

Apuração





Era um garoto que andava sozinho
Enquanto o mundo aumentava, ele ia diminuindo,
Por mais que o tempo passasse, não conseguia ver
E por mais que acompanhasse, e por mais que ele tentasse
Não conseguiria, não podia crer

De sua vida, quase nada importava
Quase tudo fantasia, coisas vis que sonhava
Um instante era tudo o que precisava ter
Para fazer de um sonho mudo, sem momento, sem estudo
A sua maior razão de viver


Ele sonhava em um dia se casar
Rosa, grinalda, subir no altar
A Deus rezava, para lhe entregar
Moça prendada a quem pudesse amar.

Já era um homem e sequer percebia
Que da vida não se leva, não se enxerga, se cria
E assim, como um garoto, só fazia esperar
Que seu mundo, seu romance, estivesse a seu alcance
Sem um dedo precisar nem levantar

Anos passavam a idade aumentando
Mas a mente reduzia, como que compensando
Sua falta de euforia, de harmonia, prazer
Era só monotonia, toda noite, todo dia
Dava dor, até desgosto de ver


De sua morte ninguém saberia
De sua vida não se escreveria
Pois afinal, que graça haveria
Na vida de um homem que diminuía.

2 comentários:

Tefi disse...

Muito bonito!!!
Um tom meio triste e meio engraçado ao mesmo tempo.
Parabéns.

- disse...

-
Um homem diminui diante da grandeza das coisa que vê. Mas a grandeza que vê precisa existir primeiro dentro do homem para que possa identifícá-la.

Lindo, Ma. Lindo mesmo.