segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Enchente no Mar da garoa...


Empresto a oculta cardiologia
Cuja permissão não me foi concedida.
Talvez devida necessidade
Iria permitir o último nascer do sol.
A algoz aurora já se foi...
Eficaz como um eco ressonante no universo
Eternos como a loucura que perdi
Que não hei de reencontrar.
Olhe a face da madrugada;
Se lhe nego uma última dança
Lhe peço um último suspiro.
Ah, maldita medula seca!
Hei algum dia de arrepiar-me com tais compassos?
Lamentar a ida das nuvens
Em tentativas frenéticas de ressucitar o sol
No inconsciente desejo de outra noite de chuva.
As jovens pautas levantam vôo;
E eu, alucinado, buscando incertezas.
Grande audácia num estonteante espetáculo
E uma ensaiada queda no vale de ossos.
Irei lembrar do velho pinheiro
Entre a potência sulfúrica dos lamentos;
Da louca maçaneta rangendo por sob a escápula
Como as labaredas pessimistas
Cuja força não suporta seu próprio sarcasmo;
Pois há de olhar os pequenos flagelos
Como uma fonte de grito
Sufocado em sua enorme porção.
Perceberá de minha doença
E, turgidamente,
Seu manto há de se expandir
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O que sobra ferve
O que ferve sangra
O que sangra seca
O que seca expande
O que expande sua
O que sua molha
O que molha dói
O que dói cai
O que cai sobra...
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Aquele que ver
Verdade serena
Serenatas de um ser
Será uma pena.
Penalidade vermelha,
Versátil estou...
Estoura centelha
Centrífoga entrou.
Entrego o carisma
Carimbado de miss
Misericórdia que cisma
Cinzenta e feliz.
Fel grande... quem sabe
Saboreasse o anis,
Anistias à parte,
Partiu-se feito giz.
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segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Vermelho "vida"



Contradições... Pensamentos incertos. Tudo em vermelho, ou parece ser... Vermelho como o que nunca soube dizer... Como nunca serei capaz de enxergar.
Dizem que os daltônicos enxergam 30% menos cores que as pessoas normais. Mundo sem cores... Concentro-me nas cores vivas. Mexem-se inquietas. Busco delas os 30% que não enxergo. Pergunto-me: seria eu capaz de citar as cores de minha vida? Aquelas as quais correm comigo no parque, conversam simpaticamente quando me deito na grama. Suam ao acompanhar meus passos de casa até o shopping, levam chuvas incrivelmente doloridas! Levam certeiros pedaços de granizo nas orelhas ou nos olhos ao meu lado. Dançam forró comigo, bizarramente (essa palavra existe?). Parceiras de cantorias, muzicalizadas.... Respeitosas e dignas de respeito. Admiradoras e dignas de admiração.
Aturam "trepaliums" ao meu lado... Sofrem humilhações diversas, sofrem intensamente comigo. Mas também riem se eu rir. Cores um tanto vivas, dotadas de movimento.
Cores... Essa palavra nunca me agradou muito. Agora percebo que esse Mar de garoa que é o mundo nada seria sem cores... Cores que se deitam na areia ao seu lado, olham para o céu e vêm o mar... Vermelho, eu disse? Talvez o grande vermelho seja eu... A única cor que não sei realmente qual é.