segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Pretérito Imperativo





Por um momento, um breve momento
Por um segundo, um breve segundo
Pôr num intento, num breve intento
Pôr o passado à frente no meu mundo.

O passado bate, em frequência singela
Como bate o peito ao ver os olhos dela
E se hoje é o passado na minha janela
Já não há futuro que me abra a cela.

Não porque o amanhã não venha
Pelo contrário, ele até se empenha
Mas como o fogo que cresce sem lenha
Ele se apaga, ri, e me desdenha.

Por um caminho, um bom largo caminho
Por um percurso, um bom largo percurso
Pôr no meu ninho, no meu largo ninho
Pôr aquele olhar a me guiar em curso.

O passado arranca qualquer possibilidade
Mas não com malícia, sem qualquer maldade
E se hoje é o passado que me tira a idade
Talvez viver nele seja o certo, na verdade.

Não porque o amanhã não brilhe
Pelo contrário, que ele se ladrilhe
Mas qual mais um trem, que ele descarrilhe
E que o passado surja, cresça, e me ilhe.

Um comentário:

Fabíola disse...

Que poema lindo! E o verso final... me emocionou muito!