sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Choro dos vivos



Tu, que perdeste teu canto
Sozinho num choro, e choras a morte de alguém
Não, não te esqueças do mundo
Por pior que seja, alguém chora por ti também
Tu, que és mãe de crianças
Jogadas ao fogo, e achas que tudo acabou
A dor é grande e notável
Mas não é só tua, a dor toda o mundo escutou
A dor de tantas famílias perdidas no mundo
E de quem ninguém se lembrou,
Hoje são todas lembradas, com mão afagadas
Mesmo que não apague a dor.
Tu que és mulher de teu homem
Queimado de noite, não chora com dor de sem-fim
Chora, porém, com certeza
Que alguém também chora, mesmo que por dentro assim.
O mundo se perde um pouco, se enrola num jogo
E duvida que haja amor,
Pensamento inevitável, porém tão instável
O mundo todo chora dentro de mim.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Onda menina




Como a onda do mar que se joga sozinha, sem medo da noite que possa chegar

Como o mundo que gira em torno da linha que cruza as estrelas a serpentear

E um fechar de olhos transmite do sonho o que não poderia se arrancar

É o sonho que ecoa no meio da noite quando a onda na areia se esparramar.


Alma limpa, de história, fruta doce do pomar
Um poema de glória, cujos versos a rimar
Um croqui de amor, de um trovador pelo ar

Trovador pelo ar, como a onda do mar, ecoando ao sonhar
Como o ouro do anel que contorna seu véu, orbitando no céu como carretel
Uma onda no mar, um momento de andar, um sorriso, um olhar caminhando ao luar
Em um brilho maior, inundado em frescor, um perfume de flor, ser alguém de valor
Uma onda que encharca o caminho de casa, um cheiro que marca mais que ferro em brasa
Uma estrela a brilhar,
Um croqui de amor, de um trovador a andar.



Como o vento que sopra sem medo da sina que vira a esquina sem nem se esquivar.

Fez a bela história da onda menina, menina guerreira a se levantar

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Arte-Retrato




Fiz da arte minha vida
E da vida uma ocupação,
Fiz do mundo a orqüestra regida
Pelas notas da minha canção.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Mar das verdades


Eu olho para o céu e vejo o mar...

Afinal quem foi que me disse que o mar é o que está lá

A ondular atrás da areia, a correr e então voltar?

Quem foi que disse o que é o dia, agrupou as constelações?

E afinal quem é que um dia ensinou às gerações

Que a chuva cai do céu e vai molhar as plantações...

Afinal quem deu nomes às nossas emoções?

Quem deu nome à natureza, ao sol, aos raios e trovões?

Quem inventou o tempo certo, dividiu as estações

E afinal quem foi que disse o que há nos corações?

E a verdade, quem souber, não espalhe às nações...

Eu olho para frente e vejo o mar...

Afinal quem foi que me disse que o mar é o que está lá

A ondular atrás da areia, a correr e então voltar?

Quem disse, pouco importa, eu só quero estar por lá...

Eu olho para frente, está lá

E a verdade pouco importa, não precisam me explicar...

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(Esse é o favorito dos meus amigos)



sábado, 10 de outubro de 2009

Poente Sonhado


Há quem diga que não há mil maneiras de mudar
Quem afirme não conseguir enxergar na penumbra
Há quem diga que não pode mais andar na fadiga

Mas basta um olhar para ver que lá está
Está muito além do mar, do que possa caminhar
...Além.
Tudo ainda num relance, contornando sem alcance
O impulso de quem dance, a garoa de um romance
...Assim.

Hoje eu quero lhe mostrar como os meus olhos frios
Pareciam divagar dentro de salões vazios
Hoje eu quero lhe dizer que não canto pra esquecer
Mas apenas pra dizer
Que viver e não te ver é... Apenas se deixar levar.

Mas basta eu sonhar para logo encontrar
O seu vulto a caminhar, que descreve um sorriso,
...Então
Tudo brilha num momento, contornando o céu cinzento
Estremece o firmamento quando dança com o vento
...Aqui.

Hoje eu quero lhe mostrar como os meus olhos sãos
Pareciam se esconder através de minhas mãos
Hoje eu quero lhe dizer que o instante de te olhar
Ilumina a dimensão, mais profunda... Escondida, de meu coração.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Vergonha




Que sobe no rosto, que cliva o ar

Que deixa exposto, que queima o olhar,

É tão rara, sombria, é tão clara e esguia

É o que se extinguia quando era um dia o que não parecia ser.

Que só dura um momento, que se faz corar

Que congela o tempo, que grita ao pulsar

Se faz algo, somente, se transforma em repente

É o que se transtorna quando se adorna o véu que se torna vermelho ao crescer.

Que tange a boca, que nos faz calar

Faz da mente pouca, do piscar luar

É tão triste e fria, tantas vezes tardia

É a sôfrega agonia, que mais dia menos dia vem a poucos, ou a muitos envolver.